Ontem fui à Feira do Livro de Buenos Aires.
Fiquei muito contente em um nível pessoal por me encontrar com Dani, um ex-colega de explotação de trabalho na IBM e em um nível de comunicadora várias coisas chamaram muito minha atenção.
Parece que a indústria editorial está mais sólida a cada vez. Achei que esta feira teve mais expositores, postos novos que não estiveram no ano passado e alguns dos tradicionais com maior espaço. Não só tem estandes de editoriais, também muitos livreiros animaram-se a exibir seus produtos.
A primeira vista este parece um estímulo cultural, embora eu não catalogaria todo na feira como cultural... Não falo dos postos de comida, porem de certas repetições que parecem mais uma pesca de pessoas para próprio negócio do que cultura.
Vamos ver, contei 3 postos de livros em miniatura. Faz muito tempo que são um clássico, mas agora parece que têm se multiplicado e já tem qualquer coisa publicada em miniatura. Estou esperando o lançamento das revistas, para quando uma Mini Caras ou Marie Claire? Seria uma boa opção para os leitores do trem em hora do rush.
O clássico "averigua o significado de teu nome" que estava em muitos estandes podia ter um valor de R$2 reais até $3.50 reais. Não me aproximei a perguntar o por quê da diferença de preços... especialmente por algo que graças à Internet é de graça.
Houve uma novidade, "conhece tua carta astral". Em um cantinho do posto, tinha uma senhora — que suponho seria astróloga, embora não estavam à vista os diplomas nem certificados que o avaliem — que com seu computador fazia a leitura e interpretação da carta astral do cliente. Pelo menos é algo interessante e inovador.
Em geral, além das editoriais e livrarias especializadas, os livros que mais se exibiam nos postos são de Interesse Geral e Autoajuda, embora em muitos casos a segunda categoria está incluída na primeira. Assim, Interesse Geral pode ser "Aprenda Linux", "Como superar a infidelidade matrimonial" ou "Sem reservas" de Martin Redrado... e aí pensei em várias coisas.
Por um lado, a publicidade. Parece que o importante é vender, o consumismo por sobre o conteúdo literário do livro que se vende. Então, por exemplo, na conferência de imprensa do Chefe de Gabinete, Aníbal Fernández, que apresentou seu livro "Bobagens Argentinas e outras ervas", que poderia ser uma versão revista do original de Arturo Jauretche, fez uma espécie de campanha política pro-reeleição de CFK. Ou o livro de economia de Martin Lousteau que aproveita a promoção na mídia de um escândalo de infidelidade conjugal com Juana Viale.
Por outro lado, qualquer pode virar em autor de um livro e escrever de absolutamente qualquer coisa. Especialmente no rubro de "Autoajuda"... é verdade que não sou fã de gastar R$30 reais para que alguém me diga como me sentir feliz, prefiro fazer a minha própria experiência e em definitiva descobrir a vida, é mais barato, divertido - embora pode ser doloroso - e satisfatório.
Então encontro que a locutora que eu escutava durante minha adolescência nos "40 principais" da FM Hit, agora se transformou em guru espiritual e escreveu o livro "Pecados Espirituais"... qualquer um escreve de qualquer coisa, sem ir mais longe eu estou aqui escrevendo uma resenha de minha visita à Feira do Livro. :-)
A única coisa positiva que vejo é que faz a leitura e os livros mais acessível para todos. Estava cheio de adolescentes procurando biografias de Justin Bieber, mas leitura não é sinônimo de literatura. E também eu não acredito que qualquer livro seja cultura, mais bem um complexo ferro-velho.
Outra curiosidade chamativa é a variedade de temas e subtemas sobre o que se escreve. Exemplo, um enorme tema pode ser relações de trabalho, depois tem enormes subtemas que dependem de diferentes enfoques: legal, social, econômico, religioso, etc. Por isso em quase todas as ramas de todas as ciências tem manuais do que um quiser conhecer e até de situações cotidianas. "Manual de gestão documental", "Como fazer o ponto de cruz" ou "Aprenda as melhores posturas para chegar ao orgasmo".
No final chamou minha atenção a diferença de preços entre edições e editoriais. Tive uma ideia que pode chegar a ser um desenvolvimento de uma página web, embora não acredito que vá me encher de dinheiro acredito sim que pode ser muito útil. Um comparador de edições e preços. Tem páginas que comparam preços de produtos em geral, para quem está em busca da melhor relação custo-benefício, mas na realidade não sei se esse conceito foi levado para o mundo editorial.
Então, acredito que seria uma ferramenta muito útil para comparar o preço e a qualidade editorial da mesma obra literária e se informar das causas dessa diferença em materiais, ilustrações, colaboradores convidados, etc. e ajudar a que o maciço da leitura, também serva para uma massificação da literatura de qualidade.
sábado, 7 de mayo de 2011
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